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“Manhã” chega a Salvador para falar de amor

Espetáculo Manhã fica em cartaz de 22 a 24 de setembro em Salvador

 

Vivemos uma época de polarizações ideológicas e intolerância. Recentemente, assistimos perplexos a onda de violência e ódio provocada por grupos racistas na cidade de Charlottesville, nos Estados Unidos. Neste contexto, o Grupo Domo de teatro acredita que, mais do que nunca, é urgente falarmos de amor. E esse é o principal tema do espetáculo Manhã, que chega a Salvador no mês de setembro.

Com texto e direção de André Garcia, Manhã tem como pano de fundo o relacionamento conjugal entre dois homens. A peça se passa durante uma noite na vida desses amantes. Uma madrugada repleta de surpresas e decisões, até o amanhecer. Segundo André Garcia, a relação homoafetiva faz parte do contexto da trama, mas os dramas vividos pelo casal são universais, “pois amor é sempre amor, independentemente de credo, sexo e tradição”. Para ele, a história poderia ser encenada por qualquer tipo de casal, seja hetero ou homossexual, cis ou transgênero. “No entanto, a opção do grupo por um casal de dois homens promove ainda o debate sobre a importância da convivência com a diversidade, sobre a concepção de família e a necessidade do reconhecimento de direitos iguais, num momento em que camadas conservadoras avançam na política no Brasil e no mundo”, afirma.

Mesmo sendo um tema recorrente na cena artística, para André, o amor é um dos temas que nunca envelhecem, pois cada geração quer reviver e conhecer esse sentimento. Com a violência e o ódio tão banalizados na mídia e, até mesmo, na arte, a intenção do Grupo Domo é trazer uma referência positiva sobre as relações e sobre o ser humano acima de tudo. “o amor é a capacidade mágica de se pensar no outro, de desejar o bem do próximo e a descoberta desse altruísmo na trajetória dos personagens é o que dá o tom maior do espetáculo”.

A montagem da peça envolveu um ano de trabalho contínuo, com um processo aprofundado de pesquisa e criação. A encenação tem como proposta revelar os aspectos objetivos e subjetivos dos personagens para compor atmosferas variadas, emocionais e simbólicas. Os dois atores principais são auxiliados por dois personagens “sombras”, vestidos de branco, que movimentam a estrutura cenográfica e os objetos de cena – ou até os próprios atores -, participando como motores de toda a trama. Eles são uma releitura da figura do kôken, do teatro Noh japonês, além de se tornarem personagens curinga ao longo do espetáculo.

A presença desses kôkens modernos possibilita cenas dinâmicas e surpreendentes, bem como uma encenação com muitas camadas de sentido. O clima pode mudar do drama ao humor em questões de segundos, com cortes quase cinematográficos, flashbacks, mescla de linguagens e momentos de metateatro, em que os atores conversam diretamente com o público. Segundo o ator Leudo Lima, que faz uma das sombras dos personagens principais, “há momentos em que o público não sabe se está dialogando com os próprios atores, com personagens narradores ou com os amantes, vivendo o seu drama na quarta parede”. Para Leudo, essas diferentes dimensões possibilitam um jogo interessante de distanciamento e aproximação com o público, que no final busca produzir um encontro, uma vivência conjunta. “Manhã é um espetáculo para ser vivido, não apenas assistido”, complementa.

O espetáculo foi contemplado com o Prêmio FUNARTE Myrian Muniz em 2012, que levou Manhã para as capitais Porto Alegre, Belo Horizonte, São Paulo e Brasília, onde o Grupo Domo atua. A peça também foi selecionada para os festivais nacionais de teatro de Taubaté e Araçatuba, no interior de São Paulo, recebendo cinco indicações a prêmios, nas categorias melhor texto, melhor figurino, melhor diretor, melhor ator coadjuvante e melhor ator revelação. Desta vez, o espetáculo passa por Salvador, patrocinado pelo Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, que incentiva a divulgação dos artistas de Brasília no cenário nacional. Nesta turnê, a peça já passou por Belém e ainda seguirá para o Rio de Janeiro e Florianópolis.

Acessibilidade

Além de disponibilizar programas impressos em braile, o espetáculo ainda promove outras ações de acessibilidade para deficientes visuais, oferecendo aparelhos de audiodescrição e uma visita guiada ao cenário, 30 minutos antes do espetáculo. Para reservar o aparelho ou agendar a visita guiada, basta preencher o formulário online disponível AQUI.

Sobre o Grupo Domo

O Grupo Domo, fundado em abril de 1994 pelo ator e diretor André Garcia, vem contribuindo com a cena teatral brasiliense, desenvolvendo uma linha de pesquisa própria, baseada em um teatro autoral e reflexivo, sempre aberto à experimentação, com enfoque no constante aperfeiçoamento do trabalho físico, sensível e vocal do ator. O aspecto autoral realiza-se pela montagem de textos inéditos, escritos pelos integrantes, conferindo atualidade a cada montagem, o que permite o diálogo com o contexto estético, social e histórico contemporâneo. O viés reflexivo do grupo nasce da concepção do teatro como uma arte vasta, múltipla e comunicativa, capaz de pôr em foco aspectos de nossa condição social e humana, levando-nos a outros espectros de percepção de nós mesmos. Além de performances diversas, o Grupo tem no currículo os espetáculos O Grito (1995), O Grande Dormitório (1998), As Lavadeiras (2000), Dos Anjos e de Todos Nós (2003) e O Julgamento (2008).

Ficha técnica “Manhã”

Direção/ Texto: André Garcia
Assistente de direção: Leudo Lima
Elenco: André Garcia, Bruno Estrela, Leudo Lima, Guilherme Victor
Iluminação: Manuela Castelo Branco
Cenários/ Figurinos: André Garcia

Serviço

“Manhã”- espetáculo teatral Grupo Domo
Data: 22 a 24 de setembro
Horário: sexta e sábado às 20hs | domingo, às 19hs.
Local: Teatro Vila Velha (Av. Sete de setembro, s/n – Passeio público)
Ingressos: R$20,00 (inteira)
Classificação Indicativa: 16 anos.
Contato: contato@grupodomo.art.br / (61) 99408-1000