Postado em Pesquisa Teatral

Última fase: Cena e conclusão

Durante todo o ano, os estudos praticados como integrante do Grupo DOMO visaram o aprimoramento do exercício de atuar, em suas várias vertentes.

Os estudos teóricos, discussões e vídeos apresentados, trouxeram à tona conhecimentos que muitas vezes haviam passado despercebidos e até como merecedores de menos atenção do que era devida. Com os estudos ficou claro que toda a teoria desenvolvida tem ligação direta com o exercício diário de atuar, e nada é supérfluo ou superficial. Os estudos de autores e obras trouxeram a visão de que tudo no teatro tem ligação com algo já feito, discutido e praticado anteriormente e é mera presunção achar que estejamos fazendo algo novo, que jamais tenha sido executado antes.

Diante dos textos estudados, sempre chamou-me a atenção o livro “A PREPARAÇÃO DO ATOR” de Stanislawski, com seu profundo estudo do que é representar. O modo como seu trabalho foi descrito nos conduz ao conhecimento das potencialidades que esta preparação pode proporcionar ao trabalho do ator. Uma leitura obrigatória e sempre muito enriquecedora do que é representar.

Dentre as discussões levantadas, chamou-me atenção, de um modo geral, as diferentes formas de abordagem e realização do fazer artístico, com o objetivo de ampliar horizontes, sejam eles, pessoais, políticos, artísticos ou culturais. Em todas as discussões, ficou claro que o fazer artístico sempre foi, é, e sempre será um importante instrumento de aprendizado de um povo no seu dia a dia. Com os estudos realizados nesse período, ficou claro a importância das artes em geral no aprimoramento moral, na denúncia, na reinvindicação e no aprimoramento do ser humano em sua vivência em sociedade, bem como consigo mesmo, na busca do esclarecimento de questões humanas e sociais. Dentre todas as artes, o teatro é, a meu ver, a que mais tem potencial para propiciar aprimoramentos, visto que pode abranger outras manifestações artísticas, como literatura, música e imagem. O teatro é ainda hoje essa forma completa, estando sempre em aprimoramento e proporcionando questionamentos, os quais promovem a evolução cultural pessoal e social onde quer que seja.

A palavra GRUPO designa duas ou mais pessoas reunidas em prol de um trabalho, e o trabalho a seguir foi desenvolvido em duplas, sendo designado como meu parceiro o Guilherme Victor. Ótimo companheiro de trabalho, aplicado, responsável e disposto a executar o trabalho em parceria de forma agradável e proveitosa. Dirigir o Guilherme foi algo bastante tranquilo, pois o ritmo de trabalho deu-se de forma pertinente ao tempo que dispúnhamos, bem como pela disponibilidade pessoal do mesmo, mantendo-se aberto às ideias propostas, executando-as da melhor forma.

Com a cena idealizada, procuramos diferenciar as duas formas de expressar a mesma ideia e então passamos aos ensaios que culminaram num belo trabalho, sensível e tocante, mesmo em ambientes diferentes. Sempre digo que “direção teatral” não é muito a minha escolha, visto que não possuo muito espírito de liderança, penso eu. Mas o trabalho foi satisfatório para ambos, surtindo o efeito desejado: uma expressão artística, que particularmente achei belíssima.

Na minha vez de ser dirigido pelo Guilherme, a cena escolhida e desenvolvida dizia respeito às lembranças, e também foi executada sob duas visões diferentes, onde procurei seguir as orientações propostas pela direção. A direção de ambas as cenas foi um tanto esclarecedora e elucidou dúvidas de visão que permeavam a execução de nosso trabalho.

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Dentre as principais conquistas adquiridas durante o período de manutenção do Grupo Domo, posso citar a ampliação de minha capacidade de trabalhar em grupo, seguindo uma direção, exercitando o companheirismo, expandindo minha visão artística, mostrando o quão extenso é o fazer teatral, o quão é possível expressar através de meu corpo, minha voz, e perceber a reverberação de tudo o quanto já foi realizado, e assim o quanto é possível realizar.

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Também exerci, sim, a prática da amizade, permeada pelo profissionalismo, pelo companheirismo e pelos exemplos de competência de colegas como André Garcia e Leudo Lima que a cada dia deixavam-me mais ciente do quanto é necessário trabalhar para executar o fazer teatral de maneira limpa, honesta, competente e bastante acolhedora. Diante da amizade nutrida pelos membros do grupo, pude trabalhar o meu lado profissional de maneira elucidativa, pois pude praticar vertentes até então nunca experimentadas.

Com a conclusão dos trabalhos de manutenção, fico agora na ansiedade da espera dos novos trabalhos, os quais pretendo realizar de forma competente e orgânica, como foi em todo o ano e meio de manutenção. Grato aos companheiros, André Garcia e Leudo Lima pela confiança, parceria e o compartilhar de seu conhecimento. Grato aos colegas Ana Larissa, Guilherme Vitor, João Lima e Karol Rodrigues pelo companheirismo e aprendizado diário durante todo o ano. Que venham outros trabalhos juntos, permeados pela amizade e competência de todos”.

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