Postado em Pesquisa Teatral

Voz e Corpo

No meu caso, o trabalho corporal, compreendido por aquecimento, alongamento e tônus, desenvolvido na segunda fase do trabalho de manutenção, é sem dúvida, de grande efeito corporal, bem como um importante aspecto, não só do trabalho corporal cênico, mas também em toda a minha movimentação diária, visto que auxilia-me na recuperação física e proporciona maiores possibilidades no meu trabalho cênico.

Os resultados são notáveis no dia a dia, na melhora de minha movimentação, tendo em vista, a minha limitação em alguns movimentos. O fortalecimento muscular, a flexibilidade e a tonificação, são maiores e mais perceptíveis a cada dia e isso traz uma sensação prazerosa de ultrapassagem de limites aos quais eu me achava inserido.

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Quanto à minha movimentação, o mais expressivo, em termos de melhora, pode-se notar no simples ato de caminhar, bem como em toda a movimentação dos membros inferiores, como saltos, abertura, entre outros.

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A perspectiva quanto ao desenvolvimento futuro é de total melhora no dia a dia, bem como na movimentação cênica exigida nos próximos trabalhos e isso dá-me uma verdadeira sensação de conquista diária e contínua, que ao meu ver, está em pleno desenvolvimento, deixando-me disposto aos futuros desafios e exercícios propostos durante todo o processo de manutenção no qual estamos trabalhando.

Espero sinceramente que a cada relatório eu possa relatar maiores conquistas baseadas no desenvolvimento e melhora do trabalho cênico, bem como uma melhora geral em minha movimentação diária, o que me trará, sem dúvida, maiores possibilidades de exercer o meu trabalho no que diz respeito às possibilidades expressivas do meu corpo.

 

Durante o processo, movimentos os mais simples, muitas vezes eram difíceis de serem executados, dentre eles, por exemplo, saltar e manter-me numa perna só, pois com a debilidade das pernas, todo o meu equilíbrio fica comprometido e isso deixa uma sensação de angústia ao ver como os colegas de grupo executam os exercícios. Dentre os colegas, posso citar o João, que ao meu ver, movimenta-se com graça e força invejáveis, como ator/bailarino que é.

Ao experimentar tal sentimento, procuro focar-me no meu desenvolvimento e na execução sempre melhorada de meus exercícios, evitando assim a frustração. Trabalho corporal, juntamente com o apoio físico e psicológico dos colegas, sem dúvida, proporcionam uma maior segurança e certeza de minha evolução especificamente no contexto dos futuros trabalhos cênicos.

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Juntamente com o trabalho físico-corporal, iniciou-se também o trabalho de desenvolvimento vocal, que compreende exercitar as possibilidades vocais em toda sua extensão, permitindo que a voz seja utilizada como importante elemento cênico, da melhor forma possível, no que diz respeito a aspectos como volume, clareza e alcance.

Primeiramente, executamos exercícios que testaram e especificaram o alcance vocal de cada um dos atores.

Com as explicações dadas a respeito das características vocais, procurei pesquisar e aprimorar meus conhecimentos quanto a este importante instrumento de trabalho do ator, a voz.

A voz é produzida na laringe (garganta), um tubo que contém as pregas vocais (popular, cordas vocais). Ao inspirarmos o ar entra nos pulmões e as pregas vocais se afastam. Ao falar, as pregas vocais se aproximam, o ar sai dos pulmões e, passando pela laringe, produzem uma vibração.

Assim sendo, a voz é o resultado do equilíbrio entre duas forças: a força do ar que sai dos pulmões e a força muscular da laringe. Se houver um desequilíbrio nesse mecanismo, poderá ocorrer uma alteração na voz.

O som produzido nas pregas vocais passa por um “alto-falante” natural formado pela faringe, boca e nariz. Estas estruturas são denominadas cavidades de ressonância. Os sons da fala são articulados na cavidade da boca, através de movimentos da língua, lábios, mandíbula, dentes e palato, modificando o ar vindo dos pulmões.

A voz é diretamente influenciada pelo estado emocional do indivíduo, ou seja, quando estamos contentes temos um tom de voz, diferente de quando estamos tristes ou nervosos. Muitas vezes é um instrumento de trabalho e merece alguns cuidados. O cuidado realizado com a voz é chamado de higiene vocal.

Uma boa voz caracteriza-se por apresentar qualidade agradável, equilíbrio de ressonância, intensidade (volume: alto ou baixo) e frequência (grave: “grosso” e aguda: “fininha”), “limpa”, sem rouquidão ou outros sintomas e, principalmentesem esforço muscular.

O ar expiratório, que fez as pregas vocais vibrarem, vai sendo modificado e os sons vão sendo articulados (vogais e consoantes). Depois, emitidos pela boca, criam a onda sonora que vai atingir a cóclea do ouvinte. Então a voz é ouvida.

A voz é uma característica humana intimamente relacionada com a necessidade do homem de se agrupar e se comunicar. A voz está associada à fala, na realização da comunicação verbal, e pode variar quanto à intensidade, altura, inflexão, ressonância, articulação e muitas outras características.

O timbre da voz humana depende das várias cavidades que vibram em ressonância com as pregas vocais. Aí se incluem as cavidades ósseas, cavidades nasais, a boca, a garganta, a traqueia e os pulmões, bem como a própria laringe.

A voz revela nossas impressões mais profundas através de seu timbre, seu volume, sua forma de emissão enfim. Quando trabalhamos com a voz de alguém, colocamos em jogo o seu esquema de valores, toda a sua filosofia de vida.

Os exercícios realizados durante essa fase dos trabalhos, proporcionaram experiências de uso da voz no espaço, na comunicação, elaboração de sons corporais, desenvolvimento da audição, controle do volume, da frequência e formação de um espaço cênico no que diz respeito ao contato auditivo entre ator e plateia.

 

As etapas do trabalho vocal, mostram-me as possibilidades do uso vocal, bem como também, do uso sonoro abstrato, utilizando sons, que à primeira vista, podem parecer sem sentido, mas que certamente expressam o que há de mais íntimo no trabalho cênico do ator.

Esse trabalho dá-se através de exercícios que promovem o conhecimento e as possibilidades de uso de meus aparelhos respiratório e auditivo, proporcionando um maior leque de expressividade do meu corpo, pois com esses exercícios, tomo conhecimento da viabilidade de uso de minha voz como importante, ou quase, indispensável elemento no meu trabalho de ator.

Os exercícios abstratos de som, deixam claro que não se expressa algo, somente com palavras e que também, a expressividade não depende de fonemas formulados por um idioma literariamente compreensível. Dentre esses exercícios, posso citar, o exercício em que ao emitirmos sons, sem a preocupação de formularmos palavras, sentimentos e situações foram perfeitamente sentidas e formuladas mentalmente por cada indivíduo participante. Isso deu-me a clara sensação de que o som, mesmo que desconexo, pode expressar o que for desejado que o seja.

Analisando os trabalhos dos módulos anteriores, posso, sem dúvida, afirmar que os trabalhos corporal, muscular e respiratório estão intrinsecamente ligados ás expressões sonoras, ampliando e promovendo a clareza do trabalho cênico como um todo. Com os exercícios do último módulo trabalhado, fica clara a amplitude do trabalho cênico, bem como o conhecimento de modos de expressão os quais eu não havia ainda dado a merecida atenção. Isso deixa uma sensação de crescimento e descoberta de possibilidades expressivas às quais pretendo me aprofundar mais a cada dia, melhorando minha forma de atuar, utilizando assim o meu corpo, minha voz, bem como todas as possibilidades de aprimoramento do meu trabalho cênico.